A Semana Santa da cidade de Goiás teve sua
origem em 1745, por iniciativa do Padre espanhol João Perestello de Vasconcelos
Spíndola, que segundo consta, com saudades das celebrações de sua terra natal,
procurou criar cerimônias semelhantes às de Sevilha e Toledo. Inicialmente
criou a Irmandade do Senhor Bom Jesus dos Passos para dar sustentação a estas
cerimônias. As festas da Semana Santa em Goiás conservam muitos ritos
tradicionais e folclóricos.
As Procissões são realizadas com ordem e respeito.
As velas e archotes dão-lhes aspecto solene e místico. Enfeitam com crianças
vestidas de anjos ou ainda meninos vestidos de Senhor dos Passos, etc. Lendas e
superstições entrelaçam com a fé e a devoção. Costumes peculiares estão
presentes até mesmo na culinária do período. As celebrações desenvolvem-se na
verdade por três semanas, a saber:
- Semana de Passos
- Semana das Dores
- Semana Santa
Segundo contam os pesquisadores, o
alongamento de festividades era muito comum naquele período, visto que não
existiam instrumentos para encontros e lazer a não ser as festas religiosas, o
que ajudava e contribuía sobremaneira para a preparação e realização de festas
de padroeiros com novenas e tríduos. Acredita-se que seja esta uma
justificativa para a celebração “esticada” de nossa Semana Santa.
1. A SEMANA DOS PASSOS
Duas semanas antes da semana Santa,
realiza-se a festa do Senhor dos Passos, promovida por sua Irmandade.
Historiadores dizem que a imagem do padroeiro, que hoje se encontra no nicho
principal da Igreja de São Francisco de
Paula, veio da Bahia, por volta de 1750 e aqui restaurada no século XIX
pelo artista plástico Veiga Valle.
1.1 Cerimônias Litúrgicas e
para-litúrgicas
Durante as sextas-feiras da quaresma,
são celebradas missas na sede da Irmandade.
No Sábado de Passos ocorre, no período da
manhã, missa e comunhão geral dos irmãos com o canto dos motetos. Ao final da tarde, a
cerimônia do Encerro e, logo após, já no anoitecer, a Procissão do Depósito, com a imagem do Senhor
dos Passos coberta por um baldaquim roxo, de sua sede até a Igreja de N.S. do
Rosário, que simboliza a ida de Jesus para o Horto das Oliveiras.
No domingo
pela manhã, missa na Igreja de N.S. do Rosário com o canto dos motetos e, à
noite, a Procissão do Encontro, parando pequenas capelas chamadas Passos,
simbolizando os quadros da “via sacra”.
O ponto máximo ocorre no encontro da
Imagem do Sr. Dos Passos com a de N. S. das Dores, na praça principal, representando
o encontro de Maria com o filho a caminho do calvário. A procissão segue, com
as imagens continuando juntas e termina na catedral de Sant’Ana.
Na segunda
feira, a imagem do padroeiro retorna à sua sede em procissão.
1.2 Musicalidade
Durante as missas e cerimônias são
cantados os Motetos dos Passos, que são peças compostas para pequena orquestra
e coro, em latim, pelo maestro Basílio Martins Braga Serradourada e por seu
filho, Cônego José Iria Xavier Serradourada no ano de 1855.
Também, durante as
procissões são executadas marchas religiosas pela Banda do 6º BPM,
de autoria de compositores goianos.
1.3 Aspectos Folclóricos e curiosidades
Durante as procissões, é muito comum
encontrar crianças vestidas de anjo ou com túnicas roxas representando o Senhor
dos Passos, por devoção dos pais ou pagando promessas.
Nas paradas dos andores,
muitas vezes pessoas apanham pedras que ficam debaixo dos mesmos acreditando
que trarão proteção.
Na Cerimônia do
Encerro, que é a preparação da imagem do Sr. dos Passos em seu andor para as
procissões, só participam homens pertencentes a irmandade dos Passos e a igreja
é totalmente fechada.
No Passo do alto do Largo do Chafariz, há uma cerimônia
que tem significado especial na tradição e que, no entanto, passa quase
despercebida: o andor estaciona em frente ao passo e, após o canto do moteto
“Filiae”, executa uma volta de 360º , retornando o curso normal da
procissão. Isto simboliza o quadro em que Jesus parou a caminho do calvário e
consolou as filhas de Jerusalém.
2. A SEMANA DAS DORES
Com o término da semana de Passos, tem
início a das Dores, antigamente organizada pela irmandade dos homens Pardos,
normalmente mestiços e pessoas de menor poder aquisitivo. Atualmente é
promovida pelos coordenadores da S. Santa com a participação da Irmandade dos
Passos.
2.1 Cerimônias Litúrgicas e
para-litúrgicas
Durante a semana, acontece o Tríduo das
Dores, com missas e cantos dos motetos encerrando na Sexta feira com a
procissão das Dores seguindo o trajeto inverso da procissão do Encontro,
simbolizando a volta de Maria do Calvário e também parando nos passos já
preparados, iniciando e terminando na Catedral de Sant’Ana. A Imagem de N. S.
das Dores de autoria de Veiga Valle.
2.2 Musicalidade
Durante as missas e cerimônias, da mesma
forma que na semana dos Passos, são cantados os Motetos das Dores, que são
peças compostas para pequena orquestra e coro, em latim, pelo maestro Basílio
Martins Braga Serradourada e por seu filho, Cônego José Iria Xavier
Serradourada no ano de 1855. Também, durante as procissões são executadas
marchas religiosas pela Banda do 6º BPM, de autoria de compositores goianos.
2.3 Aspectos Folclóricos e curiosidades
Os aspectos folclóricos encontrados
nesta semana são praticamente os mesmos já registrados na semana dos Passos,
ocorrendo que nas procissões, ao lado dos anjos agora aparecem mulheres
vestidas como Maria, pelos mesmos motivos e objetivos.
3. A SEMANA SANTA
A Semana Santa propriamente dita ou semana
maior, inicia-se com o Domingo de Ramos.
3.1 Domingo de Ramos
As cerimônias deste dia simbolizam a
entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado como Rei de Israel.
3.1.1 Cerimônias litúrgicas e
para-litúrgicas
São realizadas missas e procissões
nas diversas comunidades. A Principal acontece com missa iniciando na Igreja de
N.S. do Rosário, seguindo com procissão até a Catedral de Sant’Ana. Da
procissão, participa o Bispo diocesano ou o vigário e o povo portando ramos e agitando
os mesmos e cantando animadamente hinos e cânticos religiosos próprios para o
dia.
3.1.2 Aspectos Folclóricos e curiosidades.
Podemos citar como aspecto
folclórico, já inserido na cultura popular, guardar os ramos bentos antes da
procissão como sinal de proteção para a casa e para a família. Também é
costume, queimar os mesmos ramos pedindo proteção quando acontecem tempestades
e ventanias.
3.2
Quarta-feira de Trevas.
Na Quarta-feira de Trevas, acontece a
Procissão do Fogaréu, única neste estilo realizada no Brasil. Simboliza a busca
e prisão de cristo. Dela participam personagens encapuzados, denominados
Farricocos que seriam penitentes e mantenedores da ordem. Tais personagens são
os que mais se assemelham aos existentes na Semana Santa espanhola.
Originalmente,
segundo o historiador Fernando Pio (Pernambucano), a Procissão dos Fogaréus,
(no plural e não no singular como dizemos nós) diz o historiador, era realizada
em Lisboa e na Espanha pelos irmãos da Santa Casa de Misericórdia – era a
procissão das Endoenças (solenidade religiosa na Quinta Feira, maior celebração
eclesiástica da Paixão de Cristo). Saía no dia próprio – Quinta Feira Santa –
para visita às igrejas onde estivesse o Santíssimo exposto no “Santo Sepulcro”,
como era costume denominar uma urna onde o Santíssimo era encerrado toda noite
para visitas e vigílias de adoração.
A organização
da procissão obedecia a normas prescritas pelos Compromissos das Irmandades.
Neles eram descritos com detalhes e sua organização e participação de cada um,
indo à frente a bandeira da mesma, ladeada por tocheiros, outros carregando
varas pretas, insígnias da Paixão de Cristo, cada um ladeado por tocheiros
acesos. Mais atrás seguiam os penitentes flagelando-se e duas alas de irmãos
com varas pretas e quarenta outros conduzindo tocheiros.
Pelos
dispositivos do compromisso vê-se que aquela era uma das famosas procissões de
penitencia, já que em sua realização usavam os mais estranhos objetos de
suplicio para auto-flagelaçao.
Encontramos em
diversas cidades a roupa diversificada de cada Irmandade onde aparecem sempre
encapuzados nas cores branca, preta, branca e azul, vermelha, preta e vermelha
e branca, principalmente as realizadas na Espanha. Historiadores afirmam que a
vestimenta, como é, originou-se da punição de Irmandades, no período da
Inquisição, que eram obrigadas a trocar suas vestes luxuosas por um vestuário
grosseiro.
No Brasil,
encontramos o seguinte:
Segundo o
pesquisador Fernando Pio a primeira a ser realizada no Brasil teve lugar num
povoado da Bahia em 1618 e que na Paraíba foi registrada em 1726, quando se
supõe já estar acontecendo também em Recife.
Se
inicialmente o motivo principal da devoção era a penitencia, posteriormente,
foi-se-lhe dando outro sentido que pudesse falar mais didaticamente à alma do
povo: seria a representação da procura de Jesus pelos Judeus armados de
varapaus, sob a luz dos archotes. O aspecto da procissão na corte era
“verdadeiro e quase alucinante desfile de penitencia, mais tarde desvirtuada”.O
grupo saía apressadamente, entravam nas igrejas pela porta frontal e saiam
pelas laterais naquela movimentação rápida.
Em Goiás,
embora a história oral diga que ela foi introduzida pelo Padre Perestelo, o
mesmo que fundou a Irmandade do Senhor dos Passos em 1745, não parece ser
procissão de penitencia. Não existe data precisa da entrada dessa devoção na
Cidade. Ela realiza em concordância em alguns aspectos com aquelas estudadas
por Fernando Pio em Recife, ela se conserva até os dias de hoje na Cidade de
Goiás, com variações que a liberdade do povo permite introduzir nas suas
manifestações.
A procissão
ali quer representar a busca e a prisão de Jesus. Não existe a representação de
Judas à frente do grupo, mas a presença dos Farricocos, também chamados de
Encapuzados, Faricocos ou Furnicocos, simbolicamente encarregados de manter a
ordem, conforme suas primeiras funções.
A procissão tem inicio por
volta das 23:00 hs., com a iluminação pública apagada e ao som de
tambores, saindo de frente da porta do
Museu de arte sacra da Boa Morte, na praça principal. Segue rápida e
desordenadamente até às escadarias da Igreja de N.S. do Rosário, onde
encontrarão a mesa da última ceia já dispersa. Daí segue em direção a Igreja de
São Francisco de Paula, que no ato simboliza o monte das oliveiras, onde se
dará a prisão de Cristo, representado por um estandarte de linho pintado em duas
faces pelo artista plástico Veiga Valle, no sec. XIX. Nesta cerimônia, o único
ato litúrgico, é a homilia realizada pelo Bispo Diocesano, no pátio da Igreja
de S. Francisco. Após a homilia, a procissão continua até o ponto de origem,
encerrando.
3.2.2 Musicalidade
Durante a procissão são cantados três
peças dos Motetos dos Passos, no inicio (Exeamus), na parada do Rosário
(Domine) e após a prisão do Cristo (Pater). Também aparece a fanfarra, com
tambores tocando marchas rápidas. A fanfarra foi introduzida por volta de 1965,
para se conseguir silêncio. Antigamente, em seu lugar havia toques esporádicos
de uma “buzina”, chifres de boi semelhante a um berrante. No momento da prisão
do Cristo, também se ouve o toque de um clarim, executado por um
farricoco.
3.2.3 Aspectos Folclóricos e curiosidades
A cerimônia é rica em detalhes e
beleza plástica. As figuras encapuzadas remontam as cerimônias espanholas, mais
especificamente às de Toledo e Sevilha e ao período da inquisição. A escuridão,
as tochas, a rapidez e os encapuzados, criam um clima medieval assustador e excitante
de beleza ímpar. A superstição também está presente. Acreditava-se que o
demônio estava solto pelas ruas da cidade nesta noite, aterrorizando a todos e
principalmente as crianças que iam para a cama mais cedo. Originalmente, desta
cerimônia só era permitido participar os homens. Outras crendices também fazem
parte, relacionadas com a presença de lobisomem e mula-sem-cabeça,
principalmente na zona rural. Outro detalhe digno de nota está relacionado ao
estandarte que representa o Cristo, pintura que vai até a altura do abdome.
Originalmente era uma peça inteira. Conta-se que descosturava-se a parte
inferior do tecido e introduzia-se uma tábua entre as faces ventral e dorsal,
mantendo-se numa forma fixa ereta semelhante a um corpo humano. A ação de
traças destruiu a parte inferior. O estandarte original hoje se encontra
exposto no Museu de Arte Sacra. O utilizado na procissão é uma réplica pintada
pela artista Maria Veiga, descendente de Veiga Valle.
3.3 Quinta-feira
Santa
3.3.1- Cerimônias Litúrgicas e
para-litúrgicas
As cerimônias de Quinta feira são
quase que exclusivamente Litúrgicas, nas várias igrejas e presididas pelo Bispo
diocesano à noite, na catedral. Neste dia celebra-se a instituição da
Eucaristia, dia caridade fraterna e do sacerdócio e também, com rito próprio,
durante a missa acontece a encenação do Lava-pés, ocorrido na última ceia. Após
a missa, desnuda-se o altar-mor e após a benção do Santíssimo inicia-se a
vigília do mesmo durante toda a noite até a tarde de sexta feira.
3.3.2 Musicalidade
No decorrer da cerimônia, mais
especificamente no ato do lava-pés, canta-se o canto de mesmo nome, composto
por José do Patrocínio Marques Tocantins no sec. XIX. Ao final, na adoração do
Santíssimo, pode-se ouvir também o “Pange língua”, polifônico, do sec. XIX,
provavelmente composto pelo Monsenhor Pedro Ribeiro da Silva.
3.4 Sexta-feira
da paixão
Solene liturgia da paixão. Adoração da
Cruz, canto do perdão, descendimento da cruz e procissão do Enterro.
3.4.1 Cerimônias Litúrgicas e
para-litúrgicas
Na sexta feira santa, alem das
cerimônias estritamente litúrgicas como a Adoração da Cruz que ocorre nas
Igrejas às 15:00hs., acontecem outras como o Canto do Perdão, o Descendimento
da Cruz e a Procissão do Enterro.
No
Canto do Perdão, jovens cantam estrofes sobre o martírio de Cristo e pedem-Lhe perdão
pelas ofensas que sofrera. No período da manhã, na Igreja d´Abadia, há o Canto dos homens e, no período da tarde, na Igreja São Francisco, o Canto das mulheres.
Um pouco mais tarde, no largo do Chafariz, com o
cenário do Calvário já preparado e personagens ensaiados, realiza-se a
representação dramatizada do Descendimento de Cristo da Cruz. Dela participam:
José de Arimatéia, Nicodemos, João batista, Maria, Maria Madalena, Maria
Cleófas, a imponente guarda Romana, Verônica, as Heús e os farricocos. Como
presença litúrgica neste ato, assistimos a homilia do Sr. Bispo Diocesano após
a primeira parte da dramatização. Após a homilia, acontece o descendimento de
fato. O Cristo é representado por uma imagem com articulações nos braços.
Terminada a cerimônia, inicia-se a Procissão do Enterro, quando são carregados
o esquife do Senhor morto sob um pálio roxo e o andor de N. S. das Dores. Nesta
procissão participam todos os personagens da cerimônia do Descendimento e
figuras do antigo testamento, como Abraão e Isaac. A procissão segue pelas ruas
da cidade terminando na Catedral de Sant’Ana.
3.4.2 Musicalidade
A música está muito presente em todas
a celebrações litúrgicas e para-litúrgicas deste dia. Na adoração da cruz, são
cantados salmos e hinos próprios do dia.
O canto do perdão é todo ele musical.
As estrofes foram retiradas de um livro sacro de um dominicano chamado Frei
Ângelo e melodia semelhante a da Via sacra de Monsenhor Pedro Ribeiro da Silva.
Durante a cerimônia do Descendimento da Cruz, os atos são intercalados com
trechos das “Sete palavras” e da via sacra de Monsenhor Pedro Ribeiro.
No
decorrer da procissão do enterro, são executadas pela Banda do 6º
BPM, marchas religiosas e fúnebres de compositores goianos. Além disso, pode-se
ouvir o canto da verônica e das Heús, semelhante ao choro de carpideiras, todos
composições locais. O Povo também participa com ladainhas e cantos próprios do
dia.
3.4.3 Aspectos Folclóricos e curiosidades
A sexta feira da Paixão tem lugar de
destaque no panorama liturgico e folclórico da Semana Santa Vilaboense. É um
dia revestido de respeito por aqueles que participam conscientemente da parte
religiosa e ainda influenciado por crenças e superstições aliadas ao fundo de religiosidade intrínseca de nossa gente.
Observa-se um grande número de costumes e crenças relacionados à sexta feira santa,
redundando quase todos, no binômio “não pode fazer, Deus castiga”. São notados
na cidade e principalmente na zona rural. Embora nos dias atuais os meios de
comunicação e outros circunstâncias tenham alterado muito a realidade,
percebe-se ainda muita crendice e costumes tradicionais.
Na sexta feira da Paixão, em sinal de
respeito e pelo luto, não se tocam sinos, que são substituídos nas celebrações
pela matraca, instrumento composto de duas varetas móveis de metal, que ao se
girar a madeira onde estão presas, batem de encontro a chapas metálicas nesta
última, produzindo um som surdo e seco. É também costume, e ainda se preserva,
guardar uma folha ou flor que tenha enfeitado o andor do Senhor morto e o de
N.S. das Dores, para ser protegido contra todos os males e doenças, o que
resulta na destituição das flores que os enfeitavam.
3.5 Sábado
de Aleluia.
Antigamente acontecia um novo canto do
perdão, cerimônia extinta a vários anos. Neste dia, também chamado de sábado de
aleluia, não encontramos nenhum aspecto folclórico digno de nota.
3.6 Domingo
de Páscoa
Solene Vigília Pascal. Cerimônia
principal da igreja. Celebra-se a Ressurreição de Cristo.
3.6.1 Cerimônias Litúrgicas e
para-litúrgicas
Em todas as igrejas são realizadas
as cerimônias próprias do dia. Antigamente eram reunidas na Catedral, que ainda
continua sendo o local de maior participação popular e contando com a
presidência do Sr. Bispo.
A celebração que inicia na madrugada do Domingo é marcada por meditação e alegria. Celebra-se, durante a Vigília com liturgia específica, a benção do fogo, da água, a renovação das promessas do batismo e a ressurreição de Jesus.
Terminada a missa na catedral, inicia-se a Procissão da Ressurreição, pelas ruas centrais da cidade, com o Santíssimo sendo carregado pelo bispo diocesano sob um pálio branco. Mais tarde, já pela manhã acontece às margens do rio Vermelho, a queima do Judas e em seguida a saída da Catedral de Sant’Ana, da Folia do Divino.
A celebração que inicia na madrugada do Domingo é marcada por meditação e alegria. Celebra-se, durante a Vigília com liturgia específica, a benção do fogo, da água, a renovação das promessas do batismo e a ressurreição de Jesus.
Terminada a missa na catedral, inicia-se a Procissão da Ressurreição, pelas ruas centrais da cidade, com o Santíssimo sendo carregado pelo bispo diocesano sob um pálio branco. Mais tarde, já pela manhã acontece às margens do rio Vermelho, a queima do Judas e em seguida a saída da Catedral de Sant’Ana, da Folia do Divino.
3.6.2 Musicalidade
Toda as celebrações litúrgicas são
marcadas por músicas alegres no espírito da ressurreição de Cristo. Constatamos
algumas composições do sec. XIX, de autoria do Maestro Basílio Martins Braga
Serradourada, cantadas ainda hoje, durante a procissão.
Outro momento de grande
musicalidade é na saída e durante toda a
folia do Divino com cantos próprios e participação da banda da policia militar
executando também marchas específicas da festa e as mais variadas durante todo
o dia.
3.6.3 Aspectos Folclóricos e curiosidades
Os únicos aspectos folclóricos
relacionados a esse dia, são a queima do Judas e o início da folia do Divino.
Ambas representam a alegria do povo e este participa diretamente dos festejos.
Não se sabe com exatidão a origem em nossa cidade da Queima do Judas. Contam os
mais velhos, que em Goiás sempre aconteceu tal festejo. Alguns relatam outro
momento semelhante, denominado “Serração da Velha”, realizado para indicar que
já se tinha passado metade da quaresma. Consistia na escolha de uma solteirona
e se fazia um boneco com suas feições, sendo este levado por grande numero de
populares até a porta da vítima escolhida, o que quase sempre degenerava em
brigas e pancadarias provocada pelo inconformismo dos familiares.
Contam
outros, que até as primeiras décadas do sec. XX acontecia duas queimas de
Judas, uma pela manhã, como conhecemos hoje, no mesmo local e outra, ao cair da
tarde na rua do cemitério. Atualmente esta resumida em uma só às margens do rio
Vermelho logo na manhã do Domingo.
É de se registrar também o testamento do
Judas, que se outrora foi motivo de alegria pelo seu tom brincalhão, inclusive eram
distribuídas cópias patrocinadas por casas comercias, atualmente tornou-se
instrumento para pessoas sem escrúpulos,
no anonimato, caluniar e difamar.
3.6.4 Saída da Folia do Divino Espírito
Santo.
Por volta das dez horas da manhã, da
catedral de Sant’Ana, ainda no espírito da ressurreição, sai a folia do Divino
Espírito Santo com pessoas portando opas vermelhas e brancas e carregando
símbolos do Divino como o Cetro, a Coroa e a Bandeira, acompanhadas de grande
multidão. A alegria está presente. Banda de musica, foguetório, sinos tocando e
o povo cantando animadamente, irão percorrer as ruas da cidade por três dias.
Texto de HEBER DA ROCHA REZENDE JÚNIOR
Bibliografia:
- A música em Goiás – Belkiss
S. Carneiro de Mendonça.
- Vila Boa, história e
folclore – Regina Lacerda.
- As modinhas em Vila Boa de
Goiás – Maria Augusta Calado de S. Rodrigues.
- Monografia sobre “O
folclore e artesanato”- Fernando Passos C. de Barros.
Para maiores informações a respeito das tradições mantidas pela Irmandade dos Passos, sugerimos a leitura da tese de doutorado, pela PUC/GO, "DOR E SACRIFÍCIO: O IMAGINÁRIO RELIGIOSO CATÓLICO VILABOENSE", do Irmão RAFAEL LINO ROSA, clicando aqui.
Para maiores informações a respeito das tradições mantidas pela Irmandade dos Passos, sugerimos a leitura da tese de doutorado, pela PUC/GO, "DOR E SACRIFÍCIO: O IMAGINÁRIO RELIGIOSO CATÓLICO VILABOENSE", do Irmão RAFAEL LINO ROSA, clicando aqui.